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A bad case of the blues…

4 de Novembro de 2008

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Já vou dizendo logo de cara: o azul me incomoda!

Sério! Que porre de cor! Faz tempo que me incomoda. É estranho, mas não páro de pensar nisso sempre que vejo, ouço ou sinto algo significativamente azul.

Pois ao mesmo tempo que parece ser bom, é ruim. Ao mesmo tempo que eleva os céus e contrasta com a beleza das nuvens ou que leva as oferendas pra imensidão do mar, traz também elementos sombrios, que não sei explicar direito. Dá-me a noção de falsa liberdade, de aprisionamento. Tipo uma máscara mesmo. Não sei…

Mas o fato é que essa cor, mesmo que de forma um tanto quanto dúbia, referencia artistas de toda sorte: música, cinema, pintura…

Vejam só: Uma das letras mais belas e depressivas de Beatles é de Because, percebe-se quando cantam Because the sky is blue it makes me cry. Os Stones deram nome a um de seus melhores e mais caóticos álbuns de Black and Blue. Madeleine Peyroux canta os perigos e aventuras da noite em Blue Alert. Na canção Hedwig’s Lament, o personagem de John Cameron Mitchell se liberta ao mesmo tempo que lamenta o fato de sua vida ser black and blue. Kieslowky, na trilogia das cores, diz que a liberdade é azul, mas, diferente do senso comum de alegria que a idéia de liberdade traz,  dos três filmes, esse é visivelmente o mais triste.

Sem falar que a cor dá um “codinome plural” a um dos ritmos mais densos e agradáveis já inventados: o blues.

Se não bastasse, os artistas dessa “modalidade” musical falam, na maioria das vezes, das desilusões da vida, dos amores que não deram certo, da espera infinda, do querer sem poder, e por aí vai… Tudo isso, é claro, sem deixar pra trás toda a beleza que permeia o sentimento.

Coisas da vida pós-moderna…

Por fim, reafirmo: corzinha mais sacana não há. Faz tipo de me-engana-que-eu-gosto: boazinha e estereotipada por fora, feia e obscura por dentro. Sei que são sensações estranhas e meio difíceis de entender, mas fazer o quê?

Como dizia Dinah Washington, You don’t know what love is, until you learn the meaning of the blues.

Vai entender…

P.S.: A imagem acima é do surrealista Joan Miró e se chama Bleu II. O título do texto é também título de um dos melhores e mais representativos blues de Dinah Washington, que por acaso, e só por acaso, fala de um amor irriquieto, que a deixa confusa e com dor de cabeça.
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Aqui, lá, em todo lugar…

28 de Outubro de 2008

Antes-antes-antes de ontem queria dançar. Coloquei a camiseta verde, o casaco cinza, o jeans preto, o tênis laranja e fui pra São Paulo. Escutei Madonna, Boy George, Mama Cass, Amy e tudo mais que queria, devia e podia.

Antes-antes de ontem queria enlouquecer. Coloquei a camiseta branca, o colete marrom, o jeans amarrotado, o all-star verde e fui pra Inglaterra. Escutei Pink Floyd, Beatles, Stones, Led, Doors e tudo mais que queria, devia e podia.

Antes de ontem queria sambar. Coloquei o panamá, a camisa xadrez, o jeans rasgado, as sandálias trançadas de couro e fui pro Rio de Janeiro. Escutei Jorge Ben, Simoninha, Chico, Clara, a Velha Guarda e tudo mais que queria, devia e podia.

Ontem queria o blues. Coloquei a bata indiana, o terno xadrez azulado, o jeans novo, os sapatos de couro de pelica e fui pro puteiro mais próximo, na França. Sentei sozinho na mesinha redonda, pedi o doze anos, fumei um cigarro. Escutei Dinah, Ella, Billie, Cephas, Wiggins, Medeski, Martin, Wood e tudo mais que queria, devia e podia.

Ontem queria me acalmar. Coloquei a camiseta de eleição, a calça de moletom e fiquei em casa. Tomei um copo d’água em frente ao computador, enquanto escrevia alguma coisa. Escutei Elis. Pensei trabalhos. Recordei amigos. Vislumbrei possibilidades. Caí no sono…

E acabou que ainda não escutei tudo que queria, devia e podia.